Estréias desta sexta-feira nos cinemas de São Paulo

Tarantino é ação pura em Kill Bill: Vol.1
Quentin Tarantino continua sendo uma criança. Doze anos depois de sua estréia como diretor, com Cães de Aluguel (1992), ele ainda não fez um filme totalmemte maduro, livre das influências de sua juventude, como produções B, longas de blaxploitation e seriados de TV. Será que Tarantino nunca vai dirigir um filme sério, adulto, digno de alguém com mais de 40 anos, como ele? Tomara que não.

Fiel ao seu retrospecto, Tarantino realizou Kill Bill: Vol.1, um dos melhores e mais divertidos filmes de ação dos últimos anos. É a primeira parte de uma saga de quatro horas, cuja segunda metade já é um sucesso absoluto nos Estados Unidos. Kill Bill é uma mistura de filmes de artes marciais, faroestes spaghetti, mangás e animes japoneses, recheada com muita violência e referências à cultura pop que consagraram o estilo do diretor em Pulp Fiction (1994) e Jackie Brown (1997).


Em Carne Viva mostra nova Meg Ryan
Símbolo das comédias românticas americanas, Meg Ryan está irreconhecível em Em Carne Viva, suspense de Jane Campion (do premiado O Piano) baseado no livro de Susanna Moore. A atriz de filmes água-com-açúcar como Mensagem Para Você e A Lente do Amor protagoniza um dos mais polêmicos thrillers eróticos da atualidade.

Marcando a estréia de Nicole Kidman na produção, Em Carne Viva mostra Frannie Averey (Ryan), uma solitária professora de poesia nova iorquina envolvida em uma série de assassinatos em sua vizinhança. Ela acaba se deixando seduzir pelo detetive encarregado do caso (Mark Ruffalo, de Conte Comigo) e juntos os dois irão descobrir o lado escuro de toda paixão avassaladora.

No filme, a sempre "ingênua" Meg Ryan aparece pela primeira vez nua, em cenas de sexo explícito. O elenco conta ainda com Kevin Bacon (O Homem Sem Sombra) e Jennifer Jason Leigh (Estrada para Perdição), que faz a irmã de Meg Ryan.


Louco por Elas só vale pela atriz Julia Stiles
Comédia fraca estrelada pelo pouco brilhante Jason Lee, o filme Louco por Elas pode ser descrito como esquecível, na melhor das hipóteses, e totalmente sem graça, na pior.

A atriz que faz par com Jason Lee, Julia Stiles, é a grande razão para se continuar a assistir a comédia pouco sexy do diretor Chris Koch sobre uma relação sexual casual que complica o casamento de um dos envolvidos. Outros membros do elenco também são mais interessantes e divertidos do que o ator principal - mas Louco por Elas não é a primeira comédia a sofrer desse mal.

O filme é prejudicado em parte por seu argumento inicial pouco interessante: os personagens de Lee e Stiles acordam juntos na cama, depois de terem transado quando bêbados, e concordam em não contar nada a ninguém.


Zumbis atacam shopping center em Madrugada dos Mortos
Depois de criar seu terror mais do que célebre A Noite dos Mortos-Vivos, de 1968, o diretor George Romero, desta vez armado de um orçamento um pouco maior, voltou a mostrar os zumbis comedores de carne humana em 1978 em O Despertar dos Mortos-Vivos, boa parte do qual era ambientada num shopping center de subúrbio.

Apesar da abundância de sangue, Romero também tinha mensagens a transmitir sobre diferenças de classe social e a crescente preocupação da sociedade com o consumo de massas, ao ponto de ter começado a consumir a si mesma.


Anti-Herói Americano segue a vida de um artista de HQs
De quando em quando, um cineasta tenta captar os ritmos e a beleza do cotidiano que a maioria das pessoas vive sem mesmo se dar conta do que faz. Outros cineastas procuram retratar o ambiente em que vive a população trabalhadora, dominado pelo pessimismo que corrói a alma.

Anti-Herói Americano, de Shari Springer Berman e Robert Pulcini, é baseado nos livros de quadrinhos autobiográficos do mais famoso arquivista de Cleveland, Harvey Pekar, e consegue fazer as duas coisas à perfeição. É um filme extraordinário.

Pautando-se pelo lema de Pekar segundo o qual "a vida comum é uma coisa complexa", os dois documentaristas, em seu primeiro longa, encontram um veio riquíssimo de drama, humor, amor, esquisitices, turbilhões psicológicos, problemas comuns, traumas reais e triunfo artístico.


Penélope Cruz faz "bad girl" em "Sem Notícias de Deus"
Dotado de um viés satírico muito maior do que filmes mais "família" como "O Céu Pode Esperar" ou "It's A Wonderful Life", a co-produção espanhola-francesa-italiana-mexicana opõe a heroína enviada pelo Céu, Victoria Abril, contra a vilã durona Penélope Cruz, numa luta pela alma do pugilista decadente Demian Bichir.

No retrato divertido que o diretor Agustín Díaz Yanes faz do Paraíso, este é uma elegante boate parisiense administrada por Marina D'Angelo (a sempre radiante Fanny Ardant), onde Lola (Victoria Abril) trabalha como cantora amada pelo público.

Enquanto isso, a "bad girl" Carmen (Penélope Cruz) trabalha como garçonete no estabelecimento vizinho e superpovoado, o Inferno, onde se fala inglês e que é repleto de imigrantes ilegais.

Ambos os destinos finais enfrentam o tipo de reviravolta burocrática normalmente reservada às multinacionais. Seus destinos dependem da entrega da alma do boxeador, pela qual Lola e Carmen vão brigar, sendo as duas enviadas à Terra, para isso, disfarçadas respectivamente de sua mulher e sua prima.