Estréia da semana nas telonas

Por: Ronaldo Hung

SHREK 2
A semana está dominada pela continuação de SHREK (EUA, 2004), que chega às nossas telas trazendo uma bagagem invejável, além de muitos dólares no bolso. O longa de animação até foi apresentado em Cannes, fato inédito por lá, o que já permite imaginar o gigantesco esquema de marketing criado para sua divulgação.

Para se ter uma idéia, o ogro verde literalmente afogou o peixe Nemo, passando a ser a animação mais rentável nos EUA, título até então pertencente a “Procurando Nemo” (mais detalhes aqui mesmo neste site). No Brasil, Shrek deve repetir a boa carreira internacional (e essa onda de animação parece que ainda vai longe; nesta semana “GARFIELD” chegou às telas americanas, trazendo Bill Murray dublando o gato amante das lasanhas).

Contando com as vozes de Mike Myers, Eddie Murphy, Cameron Diaz, John Lithgow, John Cleese e Antonio Banderas, SHREK 2 mostra como seria o tal “felizes para sempre” que encerrou o primeiro filme, com o casal visitando a família da moça. Algo como “o dia depois de amanhã” na vida de dois ogros...

Mas, se você prefere algo mais denso, problemático, esqueça o ogro verde e encare MONSTER - DESEJO ASSASSINO (Monster, EUA/Alemanha, 2003).
Esse é o filme que rendeu o Oscar e o Globo de Ouro de 2004 para Charlize Theron, até então apenas mais um rostinho bonitinho nas telas. Mas ela tem força e presença, como pode ser comprovado neste drama dirigido por Patty Jenkins.

É a história real de uma prostituta lésbica e serial killer (por falar em personagens problemáticos...), de sua infância em Michigan até seus crimes na Flórida. Como o final todo mundo já sabe (por se tratar de um fato verídico), o filme se sustenta pela interpretação de Charlize, que no melhor estilo De Niro, transforma-se assustadoramente (ela está feia, deformada, realmente um bom trabalho). E ganha sua grande chance (ela nunca teve um grande papel, sendo mais lembrada como “a namoradinha” nos filmes). Ao seu lado, Christina Ricci (de Gasparzinho), que ultimamente anda se especializando em personagens um tanto estranhos, e Bruce Dern (de longa carreira, recentemente visto em A Casa de Vidro).


Motoboys - Vida loca (Brasil, 2004)
Documentário de média-metragem (52 min.) dirigido por Caíto Ortiz, recentemente exibido na Mostra Internancional daqui (ganhou como melhor documentário). Para quem vive numa cidade como São Paulo, o filme tem eco (e muito eco... sem contar poluição) no cotidiano dessas pessoas que estão sempre indo de um lado para o outro, entregando de moto alguma coisa (seria o equivalente aos táxis em Nova Iorque, que os americanos tanto reclamam). Contra ou a favor, fica difícil imaginar a cidade sem o trabalho desses profissionais da roda. Este “diários de motocicletas” pode ser conferido no Espaço Unibanco.

Naftalina com Classe
Para quem não teve chance de conhecer a comédia Quanto Mais Quente Melhor (Some Like It Hot, EUA,1959), de Billy Wilder, pode correr para o HSBC Belas Artes, onde a fita ainda está em cartaz, numa saudosa sessão da tarde. Marilyn Monroe está ótima como uma vocalista de uma banda só de garotas, onde os malandros Tony Curtis & Jack Lemmon se escondem, fugindo de mafiosos.

Vestidos de mulher, os dois atores dão um show de bom-humor. Embora o filme tenha concorrido em várias indicações ao Oscar de 1959, ficou apenas com o de Melhor Figurino (humor negro também existe na academia!). E hoje figura na lista dos 100 melhores filmes do American Film Institute. Mas pense bem: uma bela garota, dois grandes atores, um diretor craque em comédias e um roteiro bem amarrado. Quer mais algum bom motivo?

Documentário retrata vida de Riachão
Demorou três anos, desde a estréia no Festival de Brasília em 2001, para o documentário Samba Riachão chegar aos cinemas. Apesar disso, o diretor Jorge Alfredo garante que o filme não ficou parado. "Viajamos o mundo, fomos para diversos lugares, até para Cuba", conta em entrevista exclusiva. "Não tenho do que me queixar. Sinto muito orgulho do filme."

Premiado em Brasília em 2001 como melhor filme pelo júri e pelo voto popular, Samba Riachão tem tudo para cair no gosto das pessoas. "O público é muito carinhoso", diz o sambista Riachão, de 82 anos.

Ao contar a história do cantor e compositor, o diretor traça um panorama do samba na Bahia, onde Riachão passou mais de seis décadas cantando, compondo e influenciando muita gente - como Caetano Veloso e Tom Zé.