Mad Dogs

Os "cachorros-loucos", como são conhecidos os motoboys brasileiros, invadiram a Inglaterra

Por sua rapidez e audácia em costurar o trânsito, os motoboys ganharam o apelido de “cachorros loucos”. Muitos deles estão cruzando o Atlântico para se transformar em “mad dogs”. Desde o final dos anos 90, a quantidade de motoboys brasileiros que cruzam diariamente as ruas de Londres, a capital da Inglaterra, multiplicou-se numa velocidade impressionante.

Não existem números precisos sobre o fenômeno, já que a turma vive na ilegalidade. Existem cálculos informais falando de 2000 brasileiros no mercado britânico de entregas expressas. Considerando-se essa estimativa, dois em cada dez motoboys de Londres seriam brasileiros.

Eles não falam inglês, têm de fugir da polícia e encaram o rigor do inverno europeu em troca de um salário que pode ultrapassar a casa dos 10.000 reais por mês – dez vezes mais do que costumam receber seus colegas no Brasil. O sucesso no exterior tem uma explicação simples: eficiência a baixo custo. “Enquanto os motoboys ingleses rejeitam trabalho, para nós não há tempo ruim: pilotamos com chuva, neve, no frio ou no calor”, afirma o rondoniense Gleison Medeiros, que trabalha há quatro anos para uma firma de transporte de Londres.

Gleison é conhecido no meio dos motoboys londrinos como “Cowboy”. Ele ganha perto de 2000 libras por mês (cerca de 10.000 reais) e vem economizando boa parte do seu rendimento para comprar um rebanho no Brasil.

Cowboy prefere fazer mistério sobre o assunto, mas quem o conhece jura que ouviu de sua boca que está regando uma poupança suficiente para arrematar 300 cabeças de gado de uma só tacada. Gleison faz parte de uma verdadeira conexão de “mad dogs”. Ele vem de Ji-Paraná, cidade do interior de Rondônia que extra-oficialmente já exportou quase 100 motoboys para a Inglaterra. Casos bem-sucedidos como o de Cowboy correm de boca em boca, estimulando mais gente a tentar a sorte na Europa.