Por: Ronaldo Hung





Boas estréias no circuitão, para agradar todos os gostos: chegando as esperadas continuações de “Resident Evil” e “Kill Bill”, uma nova animação e o relançamento em cópias novas do documentários “Os Doces Bárbaros”.

Resident Evil 2: Apocalipse (Resident Evil: Apocalypse, EUA/2004)
Seqüência de “Resident Evil: O Hóspede Maldito”, baseado em game muito famoso (mesmo quem nunca jogou já ouviu falar), que tem seus admiradores. O primeiro foi dirigido por Paul W.S. Anderson, responsável também pela adaptação para as telas de outro jogo, “Mortal Kombat”. Desta vez, quem assume a direção é Alexander Witt, diretor de segunda unidade (as cenas de ação) de vários sucessos, como “Piratas do Caribe”, “A Identidade Bourne”, “Hannibal”, “Gladiador”, “Twister”, “Velocidade Máxima 2”, entre outros. E parece ter sido a escolha certa.

Na época, Anderson estava envolvido com o filme “Aliens Vs. Predador”, mas participou do roteiro e da produção de Resident Evil 2, que traz de volta Milla Jovovich (que continua bonita; só ela já valeria o ingresso). Mais musculosa que no anterior, a sua personagem Alice agora está mais poderosa, enfrentando um perigoso vírus que transformaria os humanos em, é claro, zumbis. Para isso, conta com a ajuda de outra mocinha do game original, Jill Valentine (Sienna Guillory, que fez a namorada de Guy Pierce na refilmagem de “A Máquina do Tempo”). Quando do início da produção, falava-se em Mira Sorvino ou Natasha Henstridge (de “A Experiência”) para o papel.

Ou seja, nada de novo no roteiro. Mas como adaptação de jogo de ação, o que importa aqui é a aventura. Bastante esperada pelos aficcionados do gênero, não deve decepcionar. Para se ter uma idéia, o trailer da fita foi um dos mais procurados na internet (dizem que foram feitos cerca de 8,5 milhões de downloads).

O Espanta Tubarões (Shark Tale, EUA/2004)
Novo desenho da DreamWorks, produtora de Steven Spielberg, atualmente em cartaz dirigindo “O Terminal” (aliás, quem ainda não viu deve conferir este filme). Realizado em computação gráfica, é uma divertida comédia “aquática”, na linha de “Procurando Nemo”. Talvez as comparações sejam inevitáveis (afinal, lá também havia um tubarão), mas não há como negar que o resultado é bonito, com cores fortes, assim como o humor, que satiriza principalmente os filmes de mafiosos.
Na versão original, constam vozes famosas: Will Smith, Robert De Niro, Angelina Jolie, Renée Zellweger, Peter Falk (o “Columbo” da TV) e até do diretor Martin Scorsese. Todos os personagens foram criados a partir de características dos seus dubladores (o peixe tem as sombrancelhas e as orelhas de Will Smith; a peixinha tem os lábios sensuais de Jolie). No Brasil, Paulo Vilhena dublou o papel principal.

Na estória, o peixe Oscar, que trabalha num lava-jato de baleias (citação a “Car Wash”), acaba numa grande enrascada quando, querendo aparecer, espalha que matou um grande tubarão (que seria filho de uma família poderosa – na verdade ele apenas viu o tubarão morrer). Sua fama cresce e ele agora terá que dar conta de outros tubarões. No meio da confusão, ele vai contar com a ajuda de um tubarão vegetariano (Jack Black), uma amiga apaixonada por ele (Renée) e de uma “peixa-fatale” (Jolie, obviamente). Um passatempo interessante que, segundo Will Smith, procura discutir a grandeza interior de cada um de nós. Parece conversa para “tubarão” dormir? Talvez. Mas que é divertido, isso é. Matinê de primeira.

Kill Bill Volume 2 (Kill Bill: Vol. 2, EUA/2004)
A aguardada seqüência de Kill Bill, de Quentin Tarantino, chega às telonas, trazendo novamente a estória da noiva em busca de vingança vivida por Uma Thurman. Ou melhor, complementando a estória anterior, que parava no meio. Na verdade o filme era apenas um, sendo dividido em volumes por opção de Tarantino. Agora a promessa é que tudo será explicado (o primeiro já está disponível em dvd).

Quem viu a primeira fita já sabe do que se trata: uma paródia (de muito humor negro) aos antigos filmes de artes marciais chineses, com um toque de spaguetti-western. Ali jorrava sangue (a produção divulgou que foram utilizados 450 galões de sangue falso nos dois filmes), a ação era exagerada (às vezes até demais). A narrativa era típica do diretor. Não havia meio termo, ou você gostava, ou você detestava. O comentário geral é que o volume dois não é tão sangrento, havendo menos cenas de ação.

Agora encontramos as explicações para os acontecimentos vertiginosos da saga (mostra-se o casamento da heroína e o ataque na capela, que só era visto em flash-backs). E finalmente aparece o tal Bill (David Carradine, com o toque de canastrão que o personagem exige). E não poderiam ficar de fora as tradicionais cenas de treino da garota com seu mestre em artes marciais. Com a montagem característica do diretor, não faltam boas seqüências (há uma boa cena de luta entre Uma e a vilã Daryl Hannah), bem como intermináveis referências ao universo dos quadrinhos e do cinema (como, por exemplo: o xerife do filme é o mesmo personagem que aparece no início de “Um Drink no Inferno”). Para quem curte o estilo Tarantino, é um prato cheio e programa obrigatório.

Chamas da Vingança (Man on fire, EUA/2004)
Denzel Washington de volta às telas em mais um policial, ambientado no México, dirigido por Tony Scott (de “Top Gun”). O roteiro é de Brian Helgeland (de “Coração de Cavaleiro”). Na estória, um ex-agente da CIA aceita emprego no México como guarda-costas de uma menina. Obviamente, o que era apenas um mero trabalho acaba se tornando uma amizade. Mas um sequestro irá garantir a dose de ação para quem curte o gênero. Scott é diretor que gosta ângulos fotogênicos, sempre valorizando o formato (ainda que o México seja retratado como terceiro mundo, comum na visão americana). E Denzel Washington já havia trabalhado com o diretor em “Maré Vermelha” (de 95). Curiosidade: para o personagem chegaram a ser cotados os atores Robert De Niro, Will Smith e Bruce Willis.

Os Doces Bárbaros (Idem, Brasil/1976)
Quando “Os Doces Bárbaros” foi lançado, em 1978, Gilberto Gil nem cogitaria ser ministro da cultura. Muita água passou debaixo da ponte, mas uma coisa permaneceu inalterada: o registro da qualidade sonora de Gil, Gal Costa, Bethania e Caetano Veloso, que tem seus admiradores (e não são poucos). E como os documentários voltaram à moda, ganhando cada vez mais destaque nas programações e em premiações, é um bom sinal o relançamento dessa produção, dirigida por Jom Tob Azulay.
O grupo “Doces Bárbaros” foi formado após o tropicalismo.

O projeto gerou um LP duplo e esse documentário, que agora volta ao circuito com o som remasterizado digitalmente, garantindo um espetáculo para fã nenhum botar defeito. Mais do que um filme, é o registro de uma época. E as salas de cinema podem oferecer agora uma qualidade de reprodução muito superior do que quando do seu lançamento. Chega a ser curiosa uma das passagens da fita, quando Gil é detido com maconha em um hotel de Florianópolis.

Queridinha(Petite Chérie, França/2000)
Em tempos atuais, onde tudo é sensacionalismo policial, chama a atenção a forma como a produção registra este momento. Mas muito mais do que isso, “Os Doces Bárbaros” é mpb da melhor qualidade. Você pode até não gostar do estilo, mas não há como negar sua força e propriedade. Merece respeito este relançamento.

A tímida e reservada Sybille é virgem aos 30 anos de idade. Com jeito pacato e beleza que não chama a atenção, ela ainda mora com os pais e sonha em viver um grande amor. Um dia, dentro de um ônibus, enquanto lê uma história romântica, ergue os olhos e se depara com o charmoso Victor. Embora uma relação entre eles estivesse totalmente fora de suas expectativas, eles começam a namorar e, após ser apresentado à família da moça, o casal passa a morar junto na casa dos pais dela.

O namoro, porém, não é tão romântico quanto Sybille imaginava. Apesar de sedutor, Victor é um homem que nunca está satisfeito com nada. Isso não impede que ela se agarre com tudo à ilusão de ter encontrado o homem perfeito. Queridinha foi exibido na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo em 2000.