Por: Ronaldo Hung





O circuito continua cheio de novidades neste feriadão prolongado. Confira as estréias da semana, que têm de tudo um pouco: suspense, aventura, romance e concorrentes ao Oscar.

EXORCISTA: O INÍCIO (Exorcist: The Beginning, EUA/2004)
Em pleno Halloween, nada mais indicado do que um bom filme de terror. Mas parece que não é esse o caso... Depois de muito tempo, a série de filmes “O Exorcista” ganha mais uma continuação. No caso, como o próprio título já deixa claro, seria um prólogo, mostrando o primeiro encontro com o demônio do padre Merrin (vivido no primeiro filme por Max von Sydow, aqui é interpretado por Stellan Skarsgård).
O problema é que já se passaram muitos anos (este seria o quarto filme): o primeiro foi realizado em 1973, o segundo em 77 e o terceiro em 90. O cinema de horror mudou bastante desde então, o público já é praticamente outro. Porém, a Warner apostou no sucesso da franquia (visto o bom resultado do relançamento nos cinemas do primeiro Exorcista, em 2000). E quebrou a cara...

A produção enfrentou vários problemas, o que pode ter comprometido o resultado final, principalmente na troca de diretores. A fita foi rodada por Paul Schrader, diretor consagrado, de “Taxi Driver” (de 76, com Robert De Niro) e “A Última Tentação de Cristo”. Mas os produtores consideraram o resultado “sério” demais (?) e Renny Harlin foi contratado no lugar. Ele fez “Do Fundo do Mar” (aquele dos tubarões), “A Ilha da Garganta Cortada” (de piratas, com sua então esposa, Geena Davis), “Risco Total” (com Stallone). Ou seja, teria mais condições de tornar a produção menos “densa” e mais “popular”. Harlin refez quase o filme inteiro, o que não é bom sinal. Principalmente porque Harlin é diretor de fitas de ação, não de suspense. O que está nas telas, segundo os especialistas, não chega a empolgar. O que é uma pena. E é uma produção mais indicada aos iniciados (que provavelmente não irão gostar). No elenco, presença da bela Izabella Scorupco (de “007 Contra Goldeneye”).

COMO FAZER UM FILME DE AMOR (Idem, Brasil/2004)
Produção nacional, premiada em Pernambuco (melhor roteiro do Festival do Audiovisual) e Belém (melhor roteiro e fotografia do Festival de Belém), que marca a estréia no cinema do diretor José Roberto Torero (que também assina o roteiro, com Luís Moura). Traz no elenco muita gente conhecida, o que já é garantia de empatia com o público: Denise Fraga, Cássio Gabus Mendes, Marisa Orth e André Abujamra, além de Paulo José.

O filme brinca com os clichês das fitas de romance do cinema (daí o título), através da estória de um casal apaixonado, onde o rapaz ainda é assombrado pela lembrança da esposa falecida. O humor vem das situações usualmente adotadas nos romances, além da ótima narração (feita por Paulo José). Elenco competente e afinado, em uma simpática diversão.

COM AS PRÓPRIAS MÃOS (Walking Tall, EUA/2004)
Fita de ação estrelada por Dwayne “The Rock” Johnson, o legítimo sucessor de Arnold Scharzenegger nos cinemas. Mais conhecido por sua participação nos longas da “Múmia” e em “O Escorpião Rei”. Aquele cara que encara todas as brigas. Nesta produção ele é um militar aposentado (como sempre...) que volta à sua cidade para começar nova vida. E se depara com o crime organizado local e por ai vai...

Não se espante, você já deve ter visto algo com estória parecida. A produção é uma refilmagem de uma fita antiga, de 1973 (com Joe Don Baker e Elizabeth Hartman, dirigida por Phil Karlson). O gênero tem público fiel e não deve desapontar. Filme pipoca que a sua namorada provavelmente irá odiar. No elenco, a bela Ashley Scott (a Caçadora do seriado “Birds Of Prey”, exibido no SBT como “Mulher-Gato”).

CASA DE AREIA E NÉVOA (House of Sand and Fog, EUA/2003)
Drama exibido no último Festival do Rio e que recebeu 3 indicações ao Oscar (melhor ator, melhor atriz coadjuvante, para Shohreh Aghdasloo, e melhor trilha sonora), além de uma indicação do Globo de Ouro (melhor ator em drama).
Estrelado por Ben Kingsley (o “Ghandi” do cinema) e pela bela Jennifer Connelly, provando mais uma vez que, além de ser um colírio aos olhos, também é boa atriz (como descobrimos em “Uma Mente Brilhante”, que lhe rendeu o Oscar).

O enredo centraliza a estória a partir da disputa de uma casa. Jennifer, viúva e em depressão, está para ser despejada pelo governo da casa onde mora. Kingsley faz o outro lado da moeda, ou seja, a pessoa que comprou o local. E cada um tem seus próprios motivos para reivindicar a posse da habitação. O velho dilema: o que é certo ou errado, considerando diferentes pontos de vistas.

O ABRAÇO PARTIDO (El Abrazo Partido, Argentina/2004)
Produção exibida na Mostra de Cinema e que ganha o circuitão. Vencedora do Festival de Berlim (Grande Prêmio do Júri e o Urso de Prata de Melhor Ator), também foi apresentada no último Festival do Rio, na mostra Première Latina. E é a aposta argentina para o Oscar. Trata-se de drama focado na figura de um jovem (Daniel Hendler), que vive com a mãe, dona de uma loja de lingeries. O rapaz vive obcecado com a figura do pai, que ele não conheceu. E sonha em ir para a Europa, em busca de um futuro melhor.

A fita também fez sucesso no Festival Latino-Americano de Lleida (onde levou os prêmios de Melhor Filme, Melhor Ator e Melhor Roteiro) e no Festival de Havana (Melhor Roteiro em Língua Espanhola). Como se vê, currículo não falta à produção.