A cidade que trocou a roça pela tecnologia e acabou com o desemprego

Saiba como a pequena Santa Rita do Sapucaí, no interior de Minas Gerais, deixou de lado o café com leite e se tornou centro de referência em tecnologia. Com um mix de investimentos em educação e apoio a pequenas empresas, parceria do poder público com a iniciativa privada, a cidade reinventou sua vocação e se tornou exemplo de empreendedorismo

anta Rita do Sapucaí, encravada entre as montanhas do Sul de Minas, tinha tudo para ser uma típica cidade de interior. Vida pacata, vocação agropecuária e uma eterna dependência do repasse de verbas estadual e federal. Tinha. Pois a cidade mineira em algum momento de sua história deu uma guinada que a transformou na capital do Vale da Eletrônica e referência nacional.

Não que a cidade tenha abandonado a vocação agropecuária: quando se chega a Santa Rita do Sapucaí, a paisagem da zona rural é composta por largos pastos de gado leiteiro e por plantações de café. Mas é a indústria de tecnologia que responde por mais da metade do PIB local. É esse o segredo do sucesso de uma cidade que teimou em contrariar o próprio destino inglório e se tornou um exemplo de empreendedorismo para outros muncípios do país.

Uma espécie de Vale do Silício tupiniquim, Santa Rita do Sapucaí tem cerca de 35 mil habitantes e uma oferta de emprego maior que a mão-de-obra disponível. O PIB per capita saltou de R$ 3.169 em 1985 para R$ 7.581 em 1999 (maior que o do próprio Estado de Minas, de R$ 4.904).

Os indicadores econômicos e sociais destacam Santa Rita em relação às cidades vizinhas. O município contabiliza 112 empresas ativas, metade delas estabelecidas depois de 1995, empregando 6.500 pessoas. Elas devem fechar o ano com receita de aproximadamente US$ 150 milhões e a perspectiva é de que essa cifra triplique nos próximos três anos.

Só com exportação, Santa Rita faturou em 2003 aproximadamente US$ 25 milhões. Desde que tomou posse, o governador Aécio Neves já destinou mais de R$ 600 milhões em incentivos e investimentos diretos para a cidade.


Pujança industrial
As indústrias de transformação, quase todas voltadas para o setor eletroeletrônico, empregam 2.500 pessoas – com uma média de 16 funcionários por empresa. A pujança é tamanha que o prefeito Jefferson Gonçalves Mendes (PFL) se arrisca dizer que não há desemprego na cidade, sendo necessário até recrutar mão-de-obra nos arredores, muitas vezes, apelando para trabalhadores rurais. Não é exatamente assim.

Empresários e acadêmicos negam a fartura, mas confirmam que a Escola Técnica de Eletrônica está capacitando força de trabalho bruta, para ocupar postos que necessitam de pouca escolaridade. O atual prefeito, que cumpriu dois mandatos consecutivos, vem sendo duramente criticado pela população, não conseguiu eleger seu candidato e ultimamente só se preocupa em ajustar as contas públicas diante da Lei de Responsabilidade Fiscal. O eleito Ronaldo Carvalho (PSDB), que assume o cargo em janeiro, tem como maior desafio manter o dinheiro gerado pela indústria de Santa Rita na própria cidade. Explica-se: se por um lado o modelo industrial é um sucesso, o restante da economia local não se desenvolveu no mesmo ritmo.

Fonte: AOL Notícias