As estréias da semana nas telonas

Bridget Jones 2 desgasta fórmula do primeiro filme
Bridget Jones no Limite da Razão, seqüência da bem-sucedida comédia de 2000, começa por repetir várias das piadinhas do primeiro filme. O problema é que, desta vez, elas parecem gastas, pouco naturais. Além disso, na ânsia de explorar novos territórios, o longa penetra em campos que não cabem comodamente no mundo da personagem interpretada por Renee Zellweger.

O fato da atriz se ver novamente às voltas com os dois homens de sua vida do filme anterior - papéis de Colin Firth e Hugh Grant - pode prejudicar o desenvolvimento dramático da história, mas faz muito sentido em termos comerciais.

Como o primeiro filme, este é baseado num romance de Helen Fielding, apresentado como um diário escrito por Bridget, uma londrina solteira que possui vida social frequentemente desastrosa e um pendor infeliz por álcool, cigarros e calorias em excesso.

171 é remake de filme argentino sobre vigaristas
Para resumir a história de 171, bastaria dizer que tudo é um grande conto do vigário e que as coisas nunca são bem o que parecem. Se fôssemos acreditar em tudo que vemos no cinema, não sairíamos de casa jamais, por medo de topar com uma sequência aparentemente constante de vigaristas eternamente interessados em levar nosso dinheiro.

171 é um remake do aclamado drama argentino Nove Rainhas, mas com a história transferida para Los Angeles. Embora 171 retenha a inteligência e a trama intrincada do original, algo parece ter se perdido na tradução - como, aliás, acontece com tanta frequência nos remakes norte-americanos.

O filme teve sua estréia no Festival Internacional de Cinema de Veneza e foi apresentado na Mostra de Cinema de São Paulo deste ano.

Tim Allen volta com Um Natal Muito, Muito Louco
Um Natal Muito, Muito Louco é uma história peculiar e, por momentos, até mesmo áspera sobre a tirania do Natal. É claro que, no final, a festa natalina é apresentada como um feriado repleto de alegria e felicidade.

Antes disso acontecer, porém, o Natal aparece como um trabalhão inevitável e cansativo, imposto às pessoas sem respeitar seus sentimentos ou desejos. O problema é que esta visão negativa se mostra tão convincente quanto o retrato positivo com o qual o filme se encerra.

Qualquer filme que tenha "Natal" no título é candidato evidente a eterno sucesso de fim de ano. A presença no elenco de Jamie Lee Curtis e de Tim Allen, dos dois filmes de sucesso Meu Papai é Noel, é garantia do talento absolutamente perfeito para o gênero.

Fanny Ardant e Gerard Depardieu estão em Nathalie X
Nathalie X, de Anne Fontaine, é um drama psicossexual pouco convincente que procura reconfigurar o triângulo amoroso clássico, mas acaba apenas parecendo um tanto quanto absurdo.

Na realidade, mal chega a se constituir um triângulo. As duas personagens femininas principais dominam a história, que acaba virando uma amizade esdrúxula entre uma ginecologista e esposa burguesa representada por Fanny Ardant e a esteticista e prostituta feita por Emmanuelle Beart. Gerard Depardieu, no papel do marido infiel do personagem de Ardant, acaba parecendo um estepe, quase à margem da história.

Para Sempre Lilya traz drama de adolescente na Rússia
O trabalho anterior do cineasta sueco Lukas Moodysson foi a bem recebida comédia comunitária Bem-vindos. Desta vez, porém, o diretor nos traz Para Sempre Lilya, um drama teen ambientado na ex-União Soviética e que não poderia ser mais sombrio.
Abandonada por sua mãe, que se mudou para os Estados Unidos com seu novo namorado, a adolescente Lilya, de 16 anos (Oksana Akinshina, muito convincente no papel) é obrigada a se virar sozinha para sobreviver num deprimente subúrbio russo.

Constantemente frustrada em seus esforços para ganhar a vida, ela acaba enveredando pelo caminho desesperador da prostituição e do vício de cheirar cola.

Italiano concebe história como dialética da sedução
Um sério distúrbio mental afeta a jovem Sabina Spielrein de apenas 19 anos. Em 1905, Ela busca a ajuda do novato Gustav Jung, que cuida de seu caso e aplica pela primeira vez os conhecimentos de psicanálise obtidos com seu mestre, Sigmund Freud. O tratamento e a cura são acompanhados de um tórrido romance entre o médico e a paciente. Depois de muitos anos, ela retorna à Rússia e também se tornou uma psicanalista, só que sua vida termina na mão de tropas nazistas em 1942.

Jornada da Alma é inspirado numa história verdadeira e é baseado em cartas trocadas entre a paciente, Jung e Freud na época do tratamento. No filme, a trajetória dela é acompanhada décadas depois por dois pesquisadores.

Clima de terror descamba para o exagero
A primeira metade de "A Sétima Vítima" leva o espectador a crer que está diante de uma arrepiante história de fantasmas na tradição de "Os Outros". Em comum, ambos foram dirigidos por cineastas espanhóis -nesse caso, Jaume Balagueró, de obra até então inédita no Brasil- e mostram famílias morando em mansões assombradas. Há elementos ainda de "O Iluminado" e "O Sexto Sentido".

Aqui, o casal formado por Mark (Iain Glen, de "Jornada da Alma") e Maria (Lena Olin, de "Chocolate") se muda para uma casa abandonada em Barcelona. Quem logo notará que há algo de errado no local são os filhos, a adolescente Regina (Anna Paquin, dos dois "X-Men") e o pequeno Paul (Stephan Enquist). O mistério é armado com doses generosas de tensão. Mas o filme descamba para o exagero.

Triângulo gay derruba preconceitos
A mudança de sexo para Stéphanie fez com que ela se tornasse alvo de preconceito e marginalização. Isso, porém, não impede que ela conviva com outros transexuais e se divirta em boates com seus amigos. Num de seus programas noturnos ela conhece o desertor checheno Mikhail e o norte-americano Jamel. A convivência entre eles fica cada vez mais estreita e eles se tornam amantes.

Quando recebe a notícia que sua mãe está doente, Stéphanie vai para a França cuidar dela. Na bagagem, leva seus dois amantes. Lado Selvagem participou do Festival Mix Brasil deste ano.