Festival de Cannes começa com Brasil fora do páreo

Grandes diretores fazem um retorno em bloco ao 58º Festival de Cannes, que começa hoje, com "Lemming", de Dominik Moll, e vai até o dia 22. A seleção competitiva, uma das mais exuberantes dos últimos anos, é uma competição entre gigantes do cinema.

Entre as 20 produções que disputarão a Palma de Ouro, estão os novos filmes de Gus van Sant, David Cronenberg, Michael Haneke, Jim Jarmusch, Lars von Trier, Amos Gitai, Hou Hsiao-Hsien, Atom Egoyan, irmãos Dardenne e Wim Wenders - sim, o velho Wenders, que não era convidado desde 1987, quando levou o prêmio principal por "Paris, Texas".

Fora da competição, George Lucas lança mundialmente "Guerra nas Estrelas: Episódio 3 - A Vingança dos Sith", Woody Allen mostra "Match Point", e o genial japonês Seijin Suzuki exibirá seu musical "Operetta Tanukigoten".

Nenhum brasileiro concorre à Palma, mas dois filmes serão exibidos na seção Um Certo Olhar: "Cidade Baixa", de Sergio Machado, e "Cinema, Aspirinas e Urubus", de Marcelo Gomes. Não é pouca coisa se imaginarmos que foram selecionados entre mais de 1.500 produções de 85 países por Thierry Frémaux. Há também três curtas-metragens.

No total, Cannes apresentará 53 filmes de 28 países. Com tantos pesos pesados, a escolha não será fácil - ainda mais se contarmos a pressão pela expectativa que cerca alguns filmes, como "Manderlay", "O Anjo da Morte" e "Last Days".

Este último é inspirado na vida do músico Kurt Cobain, líder do grupo de rock Nirvana, que se suicidou aos 27 anos, no auge da fama. O protagonista é interpretado por Michael Pitt, o loiro americano de "Os Sonhadores", de Bernardo Bertolucci. Asia Argento, filha de Dario, faz um personagem inspirado em Courtney Love.

Ao contrário do que ocorreu em 2004, quando "Fahrenheit 11 de Setembro", de Michael Moore, ganhou a Palma de Ouro, neste ano não há documentários nem animações. Tampouco se pode dizer que a seleção tenha um claro viés político, como ocorreu no ano passado. Em vez de fazer opções formais ou ideológicas, o festival resolveu garantir-se com diretores e estrelas de primeira grandeza e filmes de impacto. É um modo de não deixar Cannes mergulhar na irrelevância que acomete outros festivais europeus, como Berlim e Veneza.