Por: Ronaldo Hung





Após a maratona da mostra de cinema, o circuito começa a voltar com mais lançamentos. A semana tem boas opções em vários estilos. Confira todas as estréias.

JOGOS MORTAIS II (Saw II)
O primeiro “Jogos Mortais” (de 2004) era, por assim dizer, uma fita que partia de um princípio no mínimo curioso, pois o vilão da história tinha como fim descobrir até onde as suas vítimas teriam coragem de chegar para sobreviver. É daquelas produções indigestas, para quem tem estômago forte (aliás, o cartaz deste segundo é prova disso). O único porém é que, para se “apreciar” este, o espectador teria que ter visto o original (que existe em dvd).

Dito isso, pouco se pode falar mais, para não se estragar o filme. Mas, pela sinopse, parece que nesta seqüência tenta-se explicar as motivações do vilão (se é que podem haver...). O policial da vez é Donnie Wahlberg (o garotinho de “Apanhador de Sonhos”), que tem que entrar no jogo de gato e rato proposto pelo maníaco, que prende oito jovens para um novo jogo de crueldade. Se esse é o seu estilo de diversão, vá fundo...

CÃO DE BRIGA (Danny the Dog)
Da mesma equipe da série “Carga Explosiva”, que está com seu segundo filme atualmente em cartaz na cidade, é mais uma aventura com a grife Luc Besson. Ou seja, ângulos estilosos, muita pancadaria, tudo com bom gosto. Besson criou o roteiro especialmente para o seu astro, Jet Li (que trabalhou com ele em “O Beijo do Dragão”). Aliás, os dois são produtores da fita.

Li é um ex-delinqüente de rua, criado por Bob Hoskins, cujos princípios são bater antes e perguntar depois (daí o título, já que o personagem seria um cão de rua). Mas quando um cego bondoso (Morgan Freeman, em outra grande atuação) cruza o seu caminho, o rapaz começa a repensar a vida e este lado violento ao qual foi talhado. Apesar da sinopse, a idéia não é discutir ou filosofar sobre a vida profundamente. Mera desculpa para uma fita de ação, cuja produção e nomes envolvidos recomendam uma espiada.

TUDO ACONTECE EM ELIZABETHTOWN (Elizabethtown)
Comédia romântica estrelada por Orlando Bloom (que será sempre lembrado como “aquele que fez o elfo em O Senhor dos Anéis”) e Kirsten Dunst (a namoradinha do Homem-Aranha). A direção é de Cameron Crowe, que sabe como contar uma história (são dele títulos como “Vanilla Sky”, “Jerry Maguirre” e “Quase Famosos”). Tudo isso recomenda a fita, uma diversão leve e simpática, curiosamente o primeiro papel “normal” de Bloom (os outros trabalhos sempre eram épicos, como “Tróia”, “Cruzada” ou “Piratas do Caribe”). Agora parece haver uma tentativa de transformá-lo no galã da vez.

Bloom é o rapaz (designer de calçados) que volta à sua cidade natal para atender o último desejo do seu falecido pai. Obviamente, cairá de amores por Kirsten, que faz uma aeromoça extremamente otimista, daquelas que sempre vê o lado bom da vida. O diretor escreveu o roteiro a partir de experiências pessoais e como forma de homenagear seu pai. O resultado é uma boa sessão da tarde romântica que, como a própria Kirsten comentou, não é um filme pretensioso. Parece ser daquelas fitas tolas que fazem a gente sair do cinema acreditando que o amor vale a pena (nem que seja só por uma hora e meia...).

CIDADE BAIXA (Idem)
Drama nacional que passou na Mostra BR de Cinema e ficou entre os preferidos do público, com produção de Walter Salles e um elenco afiado e competente, com Lázaro Ramos, Wagner Moura e Alice Braga (sobrinha de Sônia Braga, que ganhou como melhor atriz no Festival do Rio). O trailer já deixava claro do que se tratava: um triângulo amoroso (dois amigos inseparáveis que caem de amores pela mesma garota) que foi bastante elogiado pela crítica especializada.

Os personagens vivem de fretes com um barco, no qual são sócios. Quando surge a figura de uma sensual stripper, a coisa fica mais complicada. A trilha sonora é assinada por Carlinhos Brown e Beto Villares. Curiosidade: a dupla principal (Lázaro e Wagner) já trabalhou em sete fitas, dentre elas “Carandiru”, “O Homem do Ano” e “Nina”. Uma boa opção do circuito, tem bastante sensualidade (explorada com bom gosto) e tem tudo para fazer boa carreira.

HABANA BLUES (Idem)
Esta fita encerrou uma das mostras do Festival de Cannes e promete agradar aos fãs da união de cinema e boa música. Conta a história de dois cubanos, aspirantes a músicos, que querem seguir a carreira e deixar sua terra natal, Havana (daí o trocadilho do título). A oportunidade aparece quando surgem produtores musicais interessados em levar a dupla para a Espanha. Mal comparando, seria uma espécie de “Buena Vista Social Club” com hip-hop. Para quem curte o gênero e a nova música cubana, antenada com o mundo.

O MERCADOR DE VENEZA (The Merchant of Venice)
Michael Radford, de “Divas do Blue Iguana” (de 2000) é o diretor e roteirista desta adaptação de peça de Shakespeare, com elenco de peso (Joseph Fiennes, Al Pacino e Jeremy Irons). A história já é conhecida: na antiga Veneza, os conflitos entre cristãos e judeus, numa parábola que mistura dinheiro, ambição e vingança. Fiennes pede dinheiro emprestado ao amigo (Irons) para “fazer a côrte” à uma rica donzela. Como Irons está sem dinheiro disponível, recorre então a Pacino, o tal mercador, que impõe uma estranha condição: caso o empréstimo não seja devolvido, irá receber como pagamento um pedaço do próprio corpo de Irons. Parece estranho? Mas é Shakespeare, afinal.