Segundo show do U2 é disparado muito melhor

Banda tem público maior e mais participante - a Polícia Militar calculou cerca de 7 mil pessoas a mais do que no primeiro dia - que cantou a plenos pulmões todas as letras

O segundo show do U2 no Morumbi foi disparado melhor do que o primeiro - maior participação do público, mais envolvimento, emoção, eletricidade, intensidade. Cantou alto e a plenos pulmões todas as letras, às vezes berrando para além do Morumbi, em um dia de inexplicável entrega de uma platéia. O concerto começou com atraso de 20 minutos.

A nova apresentação da banda irlandesa U2 no Estádio do Morumbi teve também um misterioso acréscimo de público, detectado pela Polícia Militar. Enquanto o público declarado pela organização, baseado no número de ingressos vendidos, era de 73 mil pessoas (lotação total), o segundo dia foi claramente superior em número ao primeiro. Toda a pista do estádio estava ocupada. A Polícia Militar calculou em pelo menos 7 mil pessoas a mais no estádio, o que daria um público de 80 mil no estádio. Como não houve venda extra de ingressos, resta um mistério. Alguns assessores da turnê confidenciaram que, no primeiro dia, havia muitos convidados de patrocinadores na platéia, gente que nem tem o grupo como objeto de admiração, portanto menos participante. Esse seria o motivo da diferença entre uma apresentação e outra.

O show começou às 21h32, com a execução mecânica de Wake Up, do grupo Arcade Fire, espécie de senha que os irlandeses adotaram para sua subida ao palco. O U2 entrou em seguida, às 21h35, com a canção já cristalizada como seu abre-alas, City of Blinding Lights, homenagem à cidade de Nova York. 'Ontem nós tocamos ao vivo para todo o Brasil. Hoje é nossa festinha particular', disse Bono, em português, revelando que estava consciente que estava diante de um novo público, mais aberto, e que não havia a obrigação da performance calculada para as câmeras. Ele continuou falando com a platéia, sempre com a autoridade de velho militante das causas humanitárias.

Agradeceu a 'novos amigos', como o arranjador e maestro Quincy Jones, presente ao show, mas quando se referiu ao ministro Gilberto Gil e ao presidente Lula, houve um pequeno princípio de vaia da platéia. Ao cantar Desire, que não esteve presente no primeiro show, içou uma nova garota da platéia, mais uma candidata a se tornar musa do Orkut por um dia. A moça, extremamente desinibida, não teve dúvidas: sacou o celular e passou a tirar fotos suas e do cantor. Em dado momento, ele arrancou o celular de suas mãos, delicadamente, e ela passou apenas a liderar o coro da multidão, agarrada ao seu ídolo.

O telão do U2 também trouxe novos 'truques' na noitada. Uma figura de um homem digital, no telão, caminhava num passo monocórdio. A figura evocava uma das esculturas do artista inglês Julian Opie, instaladas no prédio da Prefeitura de Nova York, em Chambers Street.

O cantor Bono viajaria hoje para Salvador, onde vai assistir ao carnaval baiano no camarote da empresária Flora Gil, o Expresso 2222. Flora é mulher do cantor Gilberto Gil. No dia 26, apresentam-se em Santiago, no Chile, no Estádio Nacional.