Maria Rita volta a São Paulo com a turnê de "Segundo"

Em turnê desde setembro do ano passado, a cantora Maria Rita volta a São Paulo com o show de "Segundo", para três apresentações na cidade, de sexta (18) a domingo

A cantora, que em setembro acompanha o inglês Jamie Cullum em seus shows no Brasil, falou sobre sua turnê, sobre sua participação no disco "Forró pras Crianças", que deve ser lançado ainda este ano e sobre seus gostos musicais - bons e maus.

"Todo mundo é brega", brinca a cantora, "teve uma fase que eu era muito fã do N*Synch. É uma vergonha na minha vida".

Sobre os shows da turnê, que virou o DVD "Segundo: ao vivo" (lançado em julho), Maria Rita contou que hoje ela e os músicos estão mais entrosados, após um ano de estrada: "Existe um conforto entre a gente que é muito bacana".

A turnê, que traz no repertório dos shows músicas como "Caminho das Águas", "Sobre Todas as Coisas" e "Casa Pré-Fabricada", continua até o final do ano, com shows em Curitiba, Rio de Janeiro e outras cidades. Leia abaixo trechos da entrevista:

O que mudou no show depois de um ano de turnê?
Teve amadurecimento e um maior entrosamento dos músicos comigo e eu com eles, e de nós cinco com a música. Existe um conforto entre a gente que é muito bacana. Todo mundo se sente mais à vontade.

Tem alguma mudança no repertório?
Teve música que entrou, música que saiu. Outro dia, eu estava ouvindo o disco do Los Hermanos ("Bloco do Eu Sozinho") e me deu uma saudade de cantar "Veja Bem, Meu Bem", que tinha no meu primeiro show e depois eu não cantei mais. É capaz de ela voltar...

E tem alguma coisa nova, que você já esteja pensando em gravar no próximo disco?
Não. O próximo disco deve rolar só daqui a dois anos. Agora vou me dedicar a um projeto paralelo, com o Zé Renato. É um projeto bacana, o disco "Forró pras Crianças", com músicas do Jackson do Pandeiro. Ele me chamou para cantar umas músicas no disco, e eu me comprometi a fazer alguns shows pro lançamento. E tem um outro projeto aí que eu estou produzindo, mas ainda eu não posso adiantar nada.

Você está produzindo um artista?
Não, é um projeto, com um tema a ser definido. Mas é um projeto, não é uma pessoa.

E é pra gravação?
Sim.

Na época do lançamento de "Segundo", você disse que ouviu cerca de 1.500 composições para chegar no repertório da gravação. Como essas músicas chegaram até você e como você fez pra escolhar?
A maioria veio dos próprios compositores, que vão no show, vão até o camarim e me entregam. Ouvi muita coisa. E tinha muita coisa que eu ouvia e pensava, caraca, essa composição é maneira, mas vai ficar espetacular na voz da Ana Carolina, por exemplo, não na minha. Porque as músicas que eu gravo são aquelas que ficam bem na minha voz. Às vezes, uma música pode ser bacana, mas não pra mim.

E daí, quando isso acontece, você "reencaminha" a música?
Não, porque não me pediram, e eu não tenho intimidade com alguns intérpretes pra fazer isso. E eu sou tímida à beça, às vezes é um sofrimento.

E você pensa em compor?
Eu não sinto a necessidade de compor ainda, não. Mas eu não descarto a possibilidade de um dia escrever (letra).

Você disse que grava o que é bom para a sua voz. O que você considera bom para sua voz?
Não tem uma fórmula, não. Eu gravo o que me bate na emoção; quando eu me identifico com a letra, me identifico com a melodia. Não tem uma fórmula: Nesse último disco ("Segundo"), por exemplo, gravei Chico Buarque e O Rappa...

E você acha que essa música do Chico ("Sobre Todas as Coisas") e essa do Rappa ("Minha Alma - A Paz que eu Não Quero") têm algo em comum que levaram você a gravá-las?
Exite um apelo ao emocional. Nessa música "Sobre Todas as Coisas", a letra diz "pelo amor de Deus, não vê que isso é pecado, desprezar quem lhe quer bem?". É triste, é quase um último recurso. E na música do Rappa, também existe esse desespero --só que não é um "desepero intimista", é um desespero extravasado. "Faça um filho comigo, mas não me deixe sentar na poltrona, num dia de domingo".

Você se considera uma cantora dramática?
Eu me considero uma cantora verdadeira.

Você tem algum "guilty pleasure" ("prazer culposo") musical? Algum artista de que você gosta, mas nunca admite, porque, no fundo, acha cafona?
Todo mundo é brega! Todo mundo tem isso! Vou te falar que teve uma fase que eu era muito fã do N*Synch... A minha irmã ouvia muito, eu ouvia com ela, acabou que eu sabia todas as músicas, sabia todas as letras, levei ela no show duas vezes, gritava "Justin (Timberlake) é lindo!!!". É uma vergonha na minha vida.

E o que você ouve em casa, hoje em dia?
Em casa eu quase não ouço nada. Mas, graças ao trânsito de São Paulo, no carro, tenho ouvido muito samba, Paulinho da Viola, uns hip-hops gringos que eu gosto, The Roots, Erykah Badu, Jill Scott, Jurassic 5... Eu recentemente reencoontrei dois discos do Quincy Jones, "The Dude" e "Back on the Block". No "Back on the Block", tem uma uma versão linda do Take Six pra "Setembro", do Ivan Lins e Victor Martins.

Que cantoras brasileiras você costuma ouvir?
Meu pai é engraçadíssimo, quando você pergunta pra ele o que ouve, ele diz: "eu não ouço música, eu não gosto de música". Ele fala brincando, mas tem uma coisa que é a influência... Eu evito ouvir cantoras... Mas olha, vou falar uma pessoa com quem eu me identifico muito: a Vânia Abreu. Ela tem um apuro na escolha de repertório, ela tem uma paixão e uma entrega que são muito bacanas.

SERVIÇO:
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MARIA RITA
18, 19 e 20 de agosto

Citibank Hall
R$ 50 a R$ 90

Nos dias 18 e 19, os shows começam às 22h. No dia 20, às 20h. O Citibank Hall fica na av. Jamaris, 213, Moema. Telefone para informações: 6846-6040.