Estréias desta sexta-feira nos cinemas de S.Paulo

Tróia tenta repetir o sucesso de Gladiador
Tróia é uma história de heroísmo e derrota vergonhosa que se desenrola em grande escala, com uma armada de mil navios, exércitos enormes, egos imensos e paixões vulcânicas. Ou, pelo menos, é essa a intenção do filme. Na realidade, conforme é executado pelo diretor Wolfgang Petersen, que supostamente teria as credenciais necessárias para fazer filmes sobre guerras, Tróia vira uma história longa, que não chega a envolver o espectador por completo.

Os personagens lutam por questões que o público talvez tenha dificuldade em achar instigantes e nenhuma figura central emerge para assumir o controle. Fica claro que a Warner Bros. financiou este filme caro - que, ao que consta, teria custado US$ 175 milhões - na esperança de repetir o sucesso de Gladiador nas bilheterias.

A escolha do loiro e malhado Brad Pitt no papel do herói grego Aquiles com certeza fortalece suas chances de sucesso mundial, mas as batalhas lembram as colisões frontais que se vêem em partidas de rúgbi, e o drama não chega a cativar.


Mulher prepara sua morte em "Minha Vida Sem Mim"
A produção hispano-canadense Minha Vida Sem Mim, de Isobel Coixet, supera com sucesso quase todos os desafios de se fazer um filme sobre uma jovem que está morrendo. Em outras palavras, a roteirista e diretora consegue evitar o sentimentalismo ou o falso otimismo, o patético e as emoções exageradas.

Em lugar disso, o filme afirma a vida de maneiras surpreendentes e gratificantes que lançam luz sobre quem são seus personagens e como, através da morte, eles passam a dar valor à vida.

Sarah Polley faz uma mulher de 23 anos, mãe de duas filhas e pobre. Ela e seu marido desempregado (Scott Speedman) vivem em um trailer no quintal da casa de sua mãe, na periferia de Vancouver. A mãe (Deborah Harry) vive permanentemente às turras com a vida, seu pai cumpre pena de prisão, e Polley mal consegue ganhar o suficiente para sobreviver com seu emprego de zeladora noturna.


Poema de Drummond inspira diretor de O Vestido
O Vestido, filme do diretor mineiro Paulo Thiago, é inspirado em um famoso poema de Carlos Drummond de Andrade, Caso do Vestido. Mas o fato do longa-metragem misturar linguagem poética e coloquial acaba fazendo com que os diálogos soem falsos.

Quando o poeta usa em sua obra o vocativo "Nossa mãe", e o repete em todo o poema, isso é um recurso de estilo, que nas mãos de Drummond é eficiente. Mas, quando as personagens do filme dizem a todo momento "Nossa mãe", soa estranho.

A "Nossa mãe" em questão é Ângela (Ana Beatriz Nogueira), uma professora que mergulha em um pesadelo quando o marido (Leonardo Vieira) a abandona para ficar com uma aventureira.


Menino precoce descobre mundo dos adultos em Valentin
O cineasta argentino Alejandro Agresti vai buscar em sua infância passada em Buenos Aires, no final dos anos 1960, os elementos usados em Valentin. O longa-metragem mostra o amadurecimento de um menino de 8 anos que já é sábio demais para sua idade.

Esbanjando encanto e simplicidade, o longa-metragem funde nostalgia e humor numa história episódica que, em última análise, mostra o nascimento de um escritor.

Em seu segundo papel no cinema, o adorável Rodrigo Noya representa o papel-título, um garoto precoce e perceptivo cujos pais, divorciados, o deixaram para ser criado por sua avó (a veterana atriz espanhola Carmen Maura), uma mulher rígida que não tem nada de bom a dizer sobre ninguém exceto seu falecido marido.