Futebol mostra sua força e conquista prata em Atenas


Se fosse possível atribuir valores a medalhas, a prata conquistada pelo futebol feminino valeria mais do que todas as outras obtidas pelo Brasil. Nenhum dos medalhistas brasileiros lida com condições tão adversas quanto as meninas derrotadas dramaticamente pelos EUA na prorrogação.

Além do preconceito que enfrentam em um país que ainda pensa que futebol "é coisa de homem", as brasileiras têm de superar a falta de estrutura. Não há campeonato feminino nacional no Brasil. Para escolher suas jogadoras, o técnico René Simões teve de assistir a vídeos -enviados pelas interessadas- com suas atuações e características.

Ao contrário de Robert Scheidt, Torben Grael e Emanuel/Ricardo, elas não têm patrocínio. Também destoam do resto da delegação do Brasil, turbinada por verbas da Lei Piva - o COB não repassa dinheiro à CBF. Para o futebol feminino, sobram apenas algumas migalhas do que é arrecadado pela seleção pentacampeã.

Em Atenas, o Brasil superou tudo isso. Chegou à final com o melhor ataque e a melhor defesa da competição - só havia sofrido gols justamente contra os EUA. Na decisão, protagonizou um jogo dramático e emocionante contra as americanas, favoritíssimas e que haviam vencido 17 dos 21 duelos anteriores contra as brasileiras.

Marta, Cristiane, Rosana, Formiga, Pretinha e cia. exibiram um ótimo futebol na decisão. Fizeram belas jogadas e mostraram habilidade, mas falharam demais na conclusão - e um pouco em sua organização. Não conseguiram superar o metódico time americano, que mostrou ter como virtude a obediência ao esquema tático. Após o 1 a 1 no tempo normal, no segundo tempo da prorrogação os EUA fizeram o gol da vitória, de cabeça.