Outras estréias da semana nas telonas

Cama de Gato retrata beco sem saída da juventude
Um dos filmes brasileiros que mais tem causado polêmica nos últimos anos. Cama de Gato, dirigido por Alexandre Stockler, pretende ser um retrato da juventude paulistana de classe média. Protagonizado por Caio Blat, o longa-metragem tem cenas de forte apelo sexual, como a de um estupro, filmado com bastante realismo.

O filme faz parte do movimento Trauma (Tentativa de Realizar Algo Urgente e Minimante Audacioso), uma espécie de resposta tupiniquim ao Dogma 95, este criado por um grupo de cineastas dinamarqueses que, em sua essência, buscava um cinema mais puro, sem iluminação artificial, trucagens, entre outros efeitos especiais.

Apesar da tentativa de se aproximar do Dogma, Stockler e seu cinema acabam muito mais próximos de Larry Clark (de Kids e o recente Ken Park). Não só pela estética visual, mas principalmente por retratar um grupo de jovens que não tem nenhuma perspectiva na vida.

Voltando para Casa faz retrato de família em crise
Retrato de uma família em crise, o filme mais recente da diretora Agnieszka Holland começa em ritmo dinâmico, e esse impulso inicial o carrega bem por uma primeira hora interessante, até que a história bate de frente com um paredão melodramático e não consegue mais recuperar-se do choque.

A parte promissora de Voltando para Casa envolve a relação entre Julie (a impressionante atriz australiana Miranda Otto) e seu marido Henry (William Fichtner), e o que acontece quando ela o flagra na cama com outra mulher.

Em meio ao rompimento certeiro do casal, eles recebem a notícia de que seu jovem filho Nicholas (representado por Ryan Smith) tem câncer em estado terminal. Desesperada, à procura de um milagre, Julie leva o frágil garoto para a Polônia, onde um estranho curandeiro russo, Alexis (Lothaire Bluteau, de Jesus de Montreal), supostamente consegue curar pessoas às centenas.

À Margem da Imagem reflete a realidade dos sem-teto
O documentário À Margem da Imagem, primeiro filme do jornalista Evaldo Mocarzel, concluído em 2003, conseguiu algum sucesso nos festivais nos quais concorreu, como o de Gramado, onde ganhou o Kikito de melhor documentário no ano passado, e do Rio, onde ficou com o principal prêmio da categoria no mesmo ano.

À Margem da Imagem, produzido pelo cineasta Ugo Giorgetti, traz algumas imperfeições técnicas, mas transpira uma preocupação social ao escolher como tema as legiões cada vez mais numerosas de sem-teto que perambulam pelas ruas da cidade de São Paulo.

Mocarzel se baseou no trabalho de Maria Cecília Loschiavo dos Santos, que durante cinco anos coordenou o projeto "Aspectos do Design no Habitat Informal das Grandes Cidades" e pesquisou o modo de vida dos moradores de rua de São Paulo, Los Angeles e Tóquio.