Por: Ronaldo Hung





A 28ª Mostra BR de Cinema está começando na cidade, merecendo a atenção de cinéfilos e curiosos. Haja fôlego para a maratona de filmes. É praticamente impossível não encontrar algum título que desperte interesse. Por outro lado, o circuito também oferece várias opções. Confira e bom divertimento.

COM A BOLA TODA (A True Underdog Story, EUA/2004)
Mais uma comédia besteirol chegando, marcando a estréia de Rawson Marshall na direção (ele também assina o roteiro). Quem curte o estilo do ator Ben Stiller já sabe o que esperar. O trailer já deixava claro o “estilo” da produção, com muitas piadas e situações non-sense.

Peter LaFleur (que esteve com Stiller em “Starsky & Hutch - Justiça em Dobro”) faz um dono de academia que vê seu negócio ameaçado com a presença de uma grande rede de academias (cujo dono é Stiller). A saída para salvar a academia é arrecadar muito dinheiro, participando de um campeonato de “queimada”. Os próprios nomes das academias (Joe e Cobras) já é uma gozação com os bonecos GI Joe. Para quem curte o gênero, é a pedida. Para os cinéfilos, há as curiosas participações especiais de vários astros, como Chuck Norris, William Shatner (o capitão Kirk de “Jornada nas Estrelas”) e até do sumido David Hasselhoff (da série “A Super-Máquina”, como um técnico alemão).

DIÁRIO DA PRINCESA 2 (Princess Diaries 2: Royal Engagement, EUA/2004)
Produção da Disney, seqüência de “Diário da Princesa”, trazendo a atriz Anne Hathaway no papel principal. Embora não tenha sido grande sucesso por aqui, o primeiro filme foi bem lá fora, dando fama à Anne e trazendo a veterana Julie Andrews de volta em papel de destaque.

Novamente dirigido por Garry Marshall, agora a princesa descobre que, para assumir o trono de direito, ela precisa ser casada. Mas conseguir um pretendente perfeito será um problema para a mocinha. É uma comédia que segue o mesmo tom do anterior, sem grandes novidades. Praticamente toda a equipe está de volta (incluindo Whitney Houston nos créditos da produção). O tema não é lá muito interessante e já houve fitas anteriores sobre o assunto (como “Rei por Acaso”, de 1991, com John Goodman e Peter O´Tolle). Parece produção mais indicada ao vídeo do que para telas grandes. Mas pode render uma matinê sem compromisso.

MEU VIZINHO MAFIOSO 2 (The Whole Ten Yards, EUA/2004)
Outra continuação, com Bruce Willis de volta às telas. É uma comédia de humor negro (o primeiro, “Meu Vizinho Mafioso”, de 2000, já existe em dvd). Para quem não viu o anterior e quer saber (senão nem leia, vá para o próximo parágrafo): Willis é um mafioso aposentado, casado com a beldade Amanda Peet (de “Alguém tem que Ceder”, com Jack Nicholson, e do thriller “Identidade”). Ele é dado como morto, graças à “ajuda” do dentista Oz, vivido por Matthew Perry (da série “Friends”).

Willis agora tem que voltar à ativa para ajudar o amigo, cuja esposa (Natasha Henstridge, de “A Experiência”) foi raptada por mafiosos húngaros. A correria costumeira das produções do gênero, sustentada pela empatia do elenco de astros e estrelas.

MAR ABERTO (Open Water, EUA/2004)
Aventura que narra a estória de um casal que acaba fazendo um passeio no mar em uma embarcação superlotada, com graves conseqüências: eles ficam à deriva, enfrentando, é claro, tubarões. Fitas de desastre dificilmente trazem novidades. Essa não parece fugir à regra. Apesar dos créditos afirmarem ser baseado em fato real (ao que consta, ocorrido com um casal na Austrália) e ter sido exibido no badalado Sundance Film Festival, promovido por Robert Redford.

Vale só como diversão e por trazer uma bela atriz, Blanchard Ryan, no papel principal. Mas há uma curiosidade, com relação à sua produção. Parece meio que “caseiro”, digamos assim: foi escrito, dirigido e editado por Chris Kentis, sendo filmado apenas nos fins de semana e feriados, com reduzida equipe (dizem que 3 pessoas). E os tubarões, a produção faz questão de ressaltar, são reais. Quem se aventurar, pode “mergulhar”...

WIMBLEDON: O JOGO DO AMOR
Opção de comédia romântica, ambientada no universo dos jogadores de tênis. O amor vai à quadra. No caso, Paul Bettany (o poeta que fazia as apresentações em “Coração de Cavaleiro”, casado na vida real com Jennifer Connelly) vive um famoso tenista, já meio decadente, que pretende encerrar sua carreira no famoso torneio de Wimbledon. Bolinha vem, bolinha vai, ele tromba na rede com a bela Kirsten Dunst (a namoradinha do Homem-Aranha no cinema), a mais nova sensação do tênis. O resto é romance na quadra...

A química entre os dois é imediata, o roteiro passeia pelos clichês de sempre, e o filme vai assim, sem grandes novidades. Ainda no elenco, Sam Neil e ponta do grande tenista John McEnroe. Curiosidade: os atores inicialmente cogitados para os papéis seriam Hugh Grant e Reese Whiterspoon (de “Legalmente Loira”). Dirigido por Richard Loncraine (que realizou um capítulo da minissérie “Band Of Brothers”, superprodução para tv de Steven Spielberg e Tom Hanks), é típica produção do gênero, realizada por quem entende do assunto (a produtora é a mesma de “Simplesmente Amor”, “Quatro Casamentos e um Funeral” e “Diário de Bridget Jones”). E Kirsten de uniforme de tenista é sempre um colírio.

MENINA DOS OLHOS (Jersey Girl, EUA/2004)
Comédia com grife Kevin Smith (que realizou bons filmes, como “O Balconista”, que aliás foi exibido pela primeira vez na mostra de cinema, e “Procura-se Amy”), conhecido no circuito alternativo e também pelos fãs de cinema. Agora ele trabalhou num roteiro que trata da experiência de ser pai. O galã Ben Affleck (que trabalhou com o diretor em 5 filmes, inclusive “Procura-se Amy”), faz um produtor musical bem-sucedido, casado com uma bela mulher (a exuberante Jennifer Lopez, que na época estava de romance com Affleck), e prestes a ser pai.

Obviamente vai haver uma reviravolta (não estou revelando nada demais, mas se você é daqueles metódicos, pule esta linha): ele perde a esposa numa tragédia e tem que criar a filha sozinho, indo para New Jersey (daí o título original), onde eventualmente irá se interessar por uma amiga (ninguém menos que Liv Tyler, que esteve com Affleck em “Amargedon”).

A fita trabalha com os clichês do gênero, mas o toque de Kevin Smith garante um certo charme. Ainda que Affleck seja um ator limitado, não chega a comprometer, e o resultado é um bom filme. Na verdade já houve muitos outros sobre o assunto. Mas não deixa de ser uma sugestão. Pontas de Jason Lee e de Matt Dammon. E Liv Tyler continua bonita (Lopez praticamente nem aparece muito) e vale o ingresso.