Por: Ronaldo Hung





Fim de semana que antecede o início da já tradicional 28ª Mostra BR de Cinema na cidade, para alegria dos cinéfilos. No circuitão, poucas estréias, destacando-se o concorrente francês ao Oscar, “A Voz do Coração”, e a comédia “O Âncora”.

O ÂNCORA - A LENDA DE RON BURGUNDY (The Anchorman, EUA/2004)
Comédia ambientada na década de 70, o que por si só garante um certo ar de deboche a esta produção, estrelada por Will Ferrell (do humorístico Saturday Night Live). Seria uma espécie de “Nos Bastidores da Notícia”, do ponto de vista do humor negro. Não é para qualquer público, mas para quem já tem certa “intimidade” com o tipo de comédia do ator (que também escreveu o roteiro, junto com o diretor).

Conta a estória de um famoso âncora de tv, que vê seu reinado ameaçado com a chegada da bela repórter vivida por Christina Applegate (da série “Um Amor em Família”). Algums momentos são considerados bons (como a citação ao “O Senhor dos Anéis”), outros nem tanto. É um tipo de humor que caminha na corda bamba, onde a piada nem sempre funciona (ou pode ser exageradamente idiota). Participações especiais dos atores Jack Black, e de Tim Robbins e Ben Stiller (que faz um apresentador espanhol).

A VOZ DO CORAÇÃO (Les Choristes, França/2004)
Grande sucesso em seu país, esse filme com toques musicais é a aposta francesa para o Oscar (concorre na categoria de filme estrangeiro). Nenhuma novidade, visto ser um grande drama, daqueles edificantes, que a academia costuma adorar. Mas a produção faturou horrores na França. Para se ter uma idéia, ele superou "Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban" (estreando em plena época de férias). E sua trilha sonora parece seguir o mesmo caminho, sendo sucesso de vendas.


Seria uma variação de “Ao Mestre Com Carinho” e tantas outras produções que tratam de professores e alunos. Mas parece que a inspiração é outra, resultando num produto mais denso. Em um reformatório onde prevalece a ditadura imposta pelo diretor, um inspetor chega cheio de boas intenções e querendo modificar a vida e o futuro de crianças marginalizadas. Para isso, ele pretende criar um coral entre os internos. Através da música, o filme vai tratar de temas sérios e delicados.

ENTRE CASAIS (Halbe treppe, Alemanha/2002)
Produção que coloca em questão o relacionamento e a passagem tempo, através da visão de dois casais amigos. As duas relações já estão desgastadas, sem novidades, rotineiras. Ou seja, tudo para ser um “drama” daqueles. Mas parece que há um toque de humor no roteiro (ainda que amargo). O curioso é a forma como o diretor decidiu registrar a estória, quase criando um documentário sobre casais (filma-se com câmera de mão). O tema, que não deixa de ser interessante, ganha com isso, ao tratar do cotidiano dessas pessoas, humanas, gente como a gente.