Ex-Gazetinha reabre com quatro salas, boulangerie e muito requinte

Em 2003, foi o Bristol. Em 2004, o Belas Artes. Nesta semana, a região da avenida Paulista recupera mais um de seus cinemas. No entanto, diferentemente do que aconteceu com os outros, a transformação desta vez é mais radical: o antigo Gazetinha responde agora pelo singelo nome de Reserva Cultural e terá a programação voltada para o cinema independente.

"Não entramos em guerra com o cinema comercial americano. Filmes selecionados em festivais ou que tenham conteúdo poderão ser exibidos na sala", afirma Jean Thomas Bernardini, francês radicado no Brasil que é proprietário da Imovision, distribuidora que ganhou espaço comercializando títulos alternativos, como os recentes "A Vida É um Milagre" e "Contra a Parede". A reforma, que durou cerca de seis meses, consumiu R$ 3,3 milhões.

A programação do cinema, que abre para o público amanhã, dia 11, apresenta o europeu "Clean" (premiado em Cannes em 2004), na sala 1, o argentino "Conversando com Mamãe" (exibido na última Mostra BR de Cinema), na sala 2, e a cópia restaurada do brasileiro "Mulher", na sala 3. Os dois últimos passarão com exclusividade no local. A sala 4 recebe uma retrospectiva com títulos premiados da Imovision, como "Dolls" e "Amor à Flor da Pele".

A programação, no entanto, está longe de ser o principal diferencial do Reserva Cultural: o visual moderno deve atrair os pedestres da avenida Paulista, que podem ver o seu interior por um janelão de 30 m x 3 m. A tradicional bombonière, com refrigerante e pipoca, foi dispensada em favor de uma boulangerie (Pain de France), com croissants, miniquiches e vinho. À noite, o ambiente é animado por música ao vivo e um barman prepara drinques para a happy hour. Tanto glamour se reflete no preço do ingresso (R$ 16), que está entre os mais caros da cidade.