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Delúbio confirma caixa 2 do PT e poupa governo

O ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares disse à CPI dos Correios nesta quarta-feira que é o responsável pela escolha dos bancos e dos empréstimos feitos durante sua gestão, isentou a Executiva Nacional do partido e o governo de seus atos e confirmou a utilização de caixa dois em campanhas eleitorais.

Ele negou, entretanto, ter qualquer envolvimento com o suposto pagamento de mesada a parlamentares, o "mensalão". Amparado por habeas corpus concedido pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que lhe permite não responder a questões que possam incriminá-lo, ele se negou a esclarecer a maioria das perguntas feitas pelos parlamentares.

Delúbio, que estava depondo há mais de 12 horas pouco depois das 22h, admitiu ter tomado empréstimos por meio das empresas de Marcos Valério de Souza para campanhas eleitorais do PT e de partidos da base aliada nos Estados mas tentou desvincular a campanha majoritária do partido que culminou com a eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

"Os recursos foram enviados para os diretórios estaduais que precisavam quitar dívidas com fornecedores", disse, acrescentando que nunca apresentou o empresário a qualquer órgão do governo federal.

Dos empréstimos tomados pelo PT, segundo Delúbio, apenas 5,4 milhões de reais adquiridos junto aos bancos Rural e BMG, foram contabilizados nos balanços do partido. Ele afirmou que existem ainda outros 39 milhões de reais que foram emprestados das instituições financeiras em nome das empresas de Marcos Valério que ainda não foram quitados.

De acordo com levantamentos da CPI, Valério dava como garantia aos bancos os contratos de publicidade firmados com o governo. Segundo Delúbio, de posse dos recursos, Valério repassava o dinheiro a membros do PT e da base aliada. Ele negou que tenha se beneficiado com as transações, alegando que o seu patrimônio pessoal declarado é de apenas 163 mil reais, "até vergonhoso para as minha atividades".

Delúbio explicou que durante muitos anos foi professor da rede pública em Goiás e que agora, o PT não cortou seu salário "de mais de 6 mil reais" mensais por conta de seu afastamento do partido.

O ex-tesoureiro também não respondeu como serão pagos os empréstimos contraídos por ele em nome do partido. Em depoimento à CPI na semana passada, Valério afirmou que os empréstimos assumidos por suas empresas já ultrapassariam o montante de 90 milhões de reais, com as devidas correções monetárias.

"As investigações vão apontar para onde foram (os recursos)", respondeu Delúbio repetidas vezes.

Parlamentares da CPI reclamaram bastante do depoimento de Delúbio, pela falta de informações, e alguns chegaram a acusá-lo de estar mentindo, como os deputados Antônio Carlos Magalhães Neto (PFL-BA) e Eduardo Paes (PSDB-RJ).

O relator da CPI, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), avaliou a versão do petista como "inverossímil" e o deputado José Eduardo Cardozo (PT-SP) afirmou que teme pelo futuro do seu partido.

"O nosso patrimônio (do PT) está em jogo agora, aquele que construímos por mais de 20 anos", disse o deputado.