Copa delira: o palco-trenzinho dos Stones desliza até a galera

Show no Rio teve seu grande momento quando a banda avançou na direção da platéia, de 1 milhão de pessoas

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'Tem gente de São Paulo aqui, hein? E da Bahia? E de Porto Alegre? E do Rio? Vocês são fantásticos.' Mick Jagger sabia perfeitamente que estava celebrando uma espécie de missa multicultural, multigeográfica, multirreligiosa, quando os Stones pisaram o palco, às 21h45. O rock tornou-se a única linguagem para as mais de 1 milhão de pessoas que se reuniam na orla de Copacabana - e detalhe, em paz: até o fim do show, nenhum incidente grave foi registrado pela polícia.

O líder da turnê A Bigger Bang só parava de cantar para desfilar frases em português, das tradicionais 'Olá, Rio! Olá, Brasil!' e 'Boa noite, galera' até 'Copacabana, este é o melhor lugar do mundo'. Mas a praia se rendeu mesmo aos Stones quando uma espécie de trenzinho levou a banda inteira, tocando Miss You, ao meio do público, por meio de uma passarela com trilhos. Ali, Mick fez gracinhas, do tipo 'as mulheres são lindas aqui, hã?' e posou para as fotos dos fãs, com máquinas amadoras e celulares.
As explosões que vieram do telão no início do show demonstravam a tese do big bang roqueiro. Era um passeio por grandes centros urbanos: Nova York, Paris, Londres, São Paulo, Rio. Os Stones começaram com Jumping Jack Flash, uma novidade, uma vez que a turnê costuma abrir com Start Me Up. Mick Jagger vestia um Spencer prateado, jeans preto, tênis preto e cinto cintilante.

Keith Richards, com um terno bordado nas costas em dourado, estava eloqüente com suas guitarras Fender e depois Gibson pretas, mostrando disposição em uma noite já muito escaldante em Copacabana.

Em dado momento, Jagger endereçou um recado para o público que estava fora das áreas confortáveis de vips e convidados - cheias de globais, como Malu Mader e Dado Dolabella. 'Todo mundo lá atrás', disse, pedindo apoio. Logo a seguir, com uma camisa azul por cima da camiseta preta, emendou Wild Horses, uma das mais belas baladas do rock.

Ele também falou, demonstrando que é um bom homem de negócios, sobre a audiência que a transmissão do show estava alcançando. O sucesso no Brasil se estendia aos Estados Unidos e ao México. E sem direito a errar nenhuma canção: na bateria de Charlie Watts, em ambos os lados, havia dois painéis acrílicos onde estava descrito todo o repertório. Da passarela em diante, foi só petardo: Rough Justice, Honky Tonk Women,
Simpathy for the Devil, Start Me Up, Brown Suggar. Para finalizar, aquela que todo mundo esperava: Satisfaction.

O guitarrista Keith viveu seu momento de herói ao cantar This Place is Empty. Ao terminar, o pessoal do fundão mandou um grito de guerra: 'olê, olê, Richards, Richards'. Enquanto o guitarrista cantou duas músicas, a segunda intitulada Happy, o colega Ron Wood fez um belo slide guitar, sentado no centro do palco. Os Stones tocaram ao todo 20 canções e a consagração final veio no bis: Jagger vestia uma camiseta branca com a bandeira do Brasil estampada. Ele então emendou You Can't Always Get What You Want e, finalmente, Satisfaction.