Juro em alta, PIB em baixa e sucessão de denúncias marcaram "era Palocci" na Fazenda

Palocci sucumbiu à pressão causada pela suspeita de que ordenou a quebra ilegal do sigilo bancário do caseiro Francenildo Costa, que desmentiu o depoimento do ministro à CPI dos Bingos. O ministro, que se tornara o maior alvo de ataques da oposição a Lula no campo político, também era sistematicamente criticado por sua política econômica, acusada de não estimular o crescimento do PIB.

A suspeita de que tenha partido de Palocci a ordem para a quebra do sigilo bancário do caseiro Francenildo Santos da Costa constrangeu o ministro e o governo Lula de forma semelhante ao escândalo do mensalão.

O presidente da Caixa Econômica Federal, Jorge Mattoso, afirmou nesta segunda-feira em depoimento à Polícia Federal que entregou ao ministro o extrato da conta do caseiro, obtido ilegalmente. Mattoso foi indiciado por crime de violação de sigilo funcional após confessar seu envolvimento no caso.

O governo comemorava a superação da crise aberta com as revelações de Roberto Jefferson --e a forte recuperação de Lula nas pesquisas-- quando Costa, caseiro de uma mansão alugada por ex-assessores do ministro em Brasília, afirmou que Palocci freqüentava a casa, supostamente usada para acertos ilícitos.

Segundo o caseiro, o imóvel servia para reuniões de lobistas acusados de interferir em negócios de seu interesse no governo Lula, para partilha de dinheiro e abrigava festas animadas por garotas de programa.

O que poderia resultar em apenas uma guerra de versões piorou muito com a revelação de que o caseiro recebeu depósitos de cerca de R$ 25 mil, incompatíveis com seus rendimentos, em sua caderneta de poupança. Aliados do ministro pretendiam sugerir que o caseirto estava a mando de seus detratores.

Mas o fato de Costa ser cliente da Caixa Econômica Federal, banco subordinado a Antonio Palocci, esquentou o caso a ponto de tornar insustentável a situação do ministro.

Antes disso, durante a crise do mensalão, quando ogoverno Lula enfrentou sua maior crise política, Palocci também é afetado por uma série de denúncias. O ministro foi acusado de praticar irregularidades em seus mandatos como prefeito de Ribeirão Preto e ter recebido propina de uma empreiteira da cidade. Seu irmão, Adhemar Palocci, foi acusado de ter feito caixa dois para o PT em 2004.

Palocci também sofreu denúncia de recebimento de dinheiro de Cuba e de empresários angolanos para a campanha de Lula em 2002, além de integrar grupo lobista no caso GTech-Caixa.

Confira a ascenção e queda de Palocci